Silencioso Futuro

No futuro haverão apenas gritos silenciosos
Entre os escombros fogosos
Que ardem de maneiras incompreensíveis
No espaço desprovido de oxigénio.
Aí vai ser de novo construído
Um batalhão de valas comuns,
Onde os corpos putrefactos
Pairarão no nada congelados.
Vão flutuar com caras pálidas,
Carcomidas, crisálidas,
Corpos parcialmente eviscerados
Que, com grande veemência, vão ser despedaçados.
Irão dar-se guerras em silêncio absoluto
Onde os gritos não se ouvirão,
Mas existirão em bruto.
Por isso, no vácuo não haverão mentes atormentadas,
Pois as vítimas estarão amordaçadas
Pelos ventos ciclónicos inexistentes,
Provocados por leis congruentes,
Que as proíbe de traumatizar o inimigo
Que jurou desde início ser nosso amigo.
Falso amigo, assassino sem honra
Que ataca pelas costas vangloriando-se dos seus feitos,
Tentando incutir-nos os seus preceitos,
As suas pseudo-leis ditatoriais
Que servirão para nos tratar como animais.
Seremos nada mais que um animal de carga e dispensável
Até terem o nosso planeta reconstruído de forma aceitável.
É nesse preciso momento que nos erradicarão
De forma que nunca mais de nós se lembrarão.

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Noite

A noite fascina-me...
É aquela mistura obscura
Do negro e amarelo da amargura.
São luzes que brilham até amanhecer,
Em tons fogosos, avermelhados
Que se encontram nos carros incrustados,
Como uns olhos demoníacos a cintilar,
Perdendo a sua intensidade
Quando por um candeeiro vão a passar,
Fixando-se na boémia mocidade
Que canta e dança debaixo da luz amarela,
Dando tragos na sua bebida
Com o intuito de animar a sua vida,
De curtir mais uma noite de embriaguez
Perdidos pelas ruas que o presidente fez.

Muitas noites boémias pela escuridão sonora
Estão gravadas na minha memória,
Noites onde reina o negro amarelado
Que me deixa completamente fascinado.

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Não está nada de especial, nem mesmo bom... Não ficou como eu queria, nem nada que se pareca, mas a verdade é que o negro amarelado da noite me fascina, me consome !
As noites são mais especiais pelo seu toque colorido.

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Campos Complexos

Esta Magnetização,
Para mim, é algo de difícil compreensão.
Sinto cada vez mais o seu campo a atrair-me
Em conjunto com a gravidade a consumir-me.
Cada dia que passa sinto o seu peso a aumentar nas minhas costas,
A empurrar o meu corpo contra a Terra,
A atrair-me para o coração da serra,
Para o cerne da existência humana,
Sitio capaz de enlouquecer até uma mente vesuviana.
( Uma mente que apenas pensa em fluir,
Deixar a vida correr sem nunca parar de sorrir. )
As minhas células são arrastadas
Pelas ruas, vão sendo deslocadas incessantemente,
Desviando-se, ou até mesmo derrubando,
Tudo o que evite o seu movimento suburbano.
São transportadas até atingirem o ponto criador,
Até atingirem o elemento atractor.
Mas até esta carcaça lá chegar,
Muita energia vai ter de se gastar.
Os campos vão atrair este aglomerado de partículas
Cada vez com mais intensidade,
Que aumentará mais e mais, até chegar ao centro da sua cidade,
Caminhar pelas avenidas
E espreitar as ruas mais escondidas.
Só nessa altura os campos acalmarão,
Deixando o estado de turbilhão para o estado de apreciação.

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Acho que a maioria, ou até mesmo ninguém, vai perceber este poema... Mas eu percebo, e acho que o que interessa é eu perceber, não explicar o que se passa na minha cabeça.
Espero que gostem, mesmo que não percebam.

Btw, foram precisos quase 40 minutos para escrever este poema tal como eu queria.
Cronometrei com o cd Cell Block de Atrium Carceri ( tem 42 minutos, eu acabei uns 3 minutos antes de o cd acabar ), onde Simon Heath nos presenteia músicas criadas apartir de sons ambiente e sintetizadores criando um ambiente negro. Aconselho a todos com muita veemência, é complexamente lindo ! [ http://atriumcarceri.coldmeat.se/ - Site oficial ]
Demorou, custou, mas consegui atingir o estado de perfeição que eu queria que tivesse.

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